Friday, September 14, 2012

Paulo discorda de Pedro em Antioquia



Gálatas 2: 11-16

Este é sem dúvida um dos episódios mais tensos e dramáticos do Novo Testamento. Temos aqui dois líderes apostólicos de Jesus Cristo, face a face em um conflito total e franco. O cenário passou de Jerusalém, a capital do Judaísmo, onde se encaixam todos os versos precedentes deste longo capítulo, para Antioquia, a principal cidade da Síria, até mesmo da Ásia, onde a missão gentia começou e onde os discípulos foram pela primeira vez chamados de "cristãos". Quando Paulo visitou Jerusalém, Pedro (junto com Tiago e João) estendeu-lhe a destra da comunhão (versos 1-10). Quando Pedro visitou Antioquia, Paulo se lhe opôs face a face (versos 11-16). Tanto Paulo como Pedro eram cristãos, homens de Deus, que sa­biam o que era ser perdoado através de Cristo e que haviam recebido o Espírito Santo. Além disso, ambos eram apóstolos de Jesus Cristo, especialmente chamados, comissionados e investidos com a sua autoridade. Ambos eram respeitados nas igrejas por sua liderança. Ambos haviam sido poderosamente usados por Deus. Na verdade, o livro de Atos está virtualmente dividido no meio pelos dois, a primeira parte contando a história de Pedro e a segunda parte, a história de Paulo. Mas aqui encontramos o apóstolo Paulo resistindo face a face ao apóstolo Pedro, contradizendo-o, repreendendo-o, condenando-o, porque este havia se afastado e se separado dos crentes cristãos gentios e não comia mais com eles. Não que Pedro negasse o evangelho em sua doutrina, pois Paulo se esmera em demonstrar que ele e os apósto­los de Jerusalém estavam unidos quanto ao evangelho (versos 1-10), e ele repete este fato aqui (versos 15-16).

A ofensa de Pedro contra o evangelho foi na sua conduta. Nas palavras de J. B. Phillips, "a sua conduta estava em contradição com a verdade do evangelho". Convém investigarmos esta situação, na qual estes dois líderes apostólicos aparecem em total desarmonia. É particularmente importante notar o que cada apóstolo fez, por que o fez e com que resultado. Va­mos começar com Pedro. 1. A Conduta de Pedro (versos 11-13). A. O que ele fez. Quando Pedro chegou a Antioquia, ele comia com os cristãos gentios. Na verdade, o tempo imperfeito de verbo indica que este era o seu comportamento regular, como diz J. B. Phillips: "Pedro tinha o hábito de se sentar à mesa com os gentios". Seus antigos escrúpulos judaicos haviam sido vencidos. Ele não se considerava de forma alguma desonrado ou contaminado pelo contato com os cristãos gentios incircuncisos, como antigamente. Em vez disso, ele os convidava para comer com ele, e comia com eles. Pedro, que era um cristão judeu, desfrutava a fraternidade dos crentes de Antioquia, que eram cristãos gentios. Isto provavelmente significa que faziam refeições comuns juntos, embora, sem dúvida alguma, participassem também da Ceia do Senhor. Então, um dia, chegou a Antioquia um grupo de Jerusalém. Eram todos crentes cristãos professos, mas eram de origem judaica, escrupulosos fariseus na verdade (Atos 15: 5) e vinham "da parte de Tiago" (Gálatas 2: 12), o líder da igreja de Jerusalém. Isto não significa que tives­sem a sua autoridade, pois ele mais tarde negou isso (Atos 15: 24), mas, antes, que eles declararam que a tinham. Eles se apresentaram como delegados apostólicos. Ao chegarem à Antioquia começaram a pregar: "Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos" (Atos 15:1). Evidentemente foram até mais longe do que isso, ensinando que era impróprio que crentes judeus circuncidados par­ticipassem da mesma mesa com os crentes gentios incircuncisos, ainda que estes últimos cressem em Jesus e fossem batizados. Na sua política perniciosa, esses mestres judaizantes ganharam um notável convertido na pessoa do apóstolo Pedro. Pois este, que anteriormente comia com estes cristãos gentios, agora se afastou e se separou deles. Parece que ele o fez por vergonha. Diz o Bispo Lightfoot: "As palavras descrevem convincentemente o afastamento cauteloso de uma pessoa tímida que se esquiva dos observadores".

B. Por que ele o fez. Por que Pedro criou esta brecha desastrosa na comunhão da igreja de Antioquia? Já vimos a causa imediata, isto é, chegaram "alguns da parte de Tiago" (verso 12). Mas por que ele se deixou influenciar? Devemos supor que eles o convenceram de que estivera agindo de maneira errada ao comer com os cristãos gentios? Não pode ser. Lembremos que havia pouco tempo, conforme registrado em Atos 10 e 11, Pedro recebera uma revelação direta e especial de Deus exata­mente sobre este assunto. Ele estava no terraço de uma casa em Jope, uma tarde, quando entrou em êxtase e teve a visão de um lençol que descia do céu segurado pelos quatro cantos, contendo uma variedade de criaturas impuras (aves, animais e répteis). Então ele ouviu uma voz dizendo: "Levanta-te, Pedro; mata e come". Quando ele objetou, a voz continuou dizendo: "Ao que Deus purificou não consideres co­mum". A visão se repetiu três vezes, com ênfase. Pedro concluiu que devia acompanhar os mensageiros gentios que lhe foram enviados da parte do centurião Cornélio e foi à casa deste, atitude que lhe era im­própria, por ser um judeu. No sermão que pregou na casa de Corné­lio, ele disse: "Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas". Quando o Espírito Santo veio sobre os gentios que creram, Pedro concordou que deviam receber o batismo cristão e que deviam ser recebidos na igreja cristã. Devemos agora supor que Pedro tenha se esquecido da visão que teve em Jope e da conversão da casa de Cornélio? Ou que tenha traído a revelação que Deus lhe dera? Certamente não. Não há em Gálatas 2 indicação alguma de que Pedro houvesse mudado de opinião. Por que então ele se afastou da comunhão com os crentes gentios em Antioquia? Paulo nos conta. Ele "veio a apartar-se, temendo os da circuncisão" (verso 12). "E também os demais judeus dissimularam com ele, ao ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles" (verso 13). A palavra grega para "dissimulação" é "hipocrisia", que significa "fazer fita". Era o que estavam fazendo. Eles "fingiram" (cf. verso 13, BJ). A acusação de Paulo é séria, mas evidente. É que Pedro e os outros agiram com falta de sinceridade, não por convicção pessoal. Seu afastamento da mesa dos crentes gentios não foi incitado por algum prin­cípio teológico, mas por medo covarde de um pequeno grupo. Na ver­dade, Pedro fez em Antioquia exatamente o que Paulo se recusou a fazer em Jerusalém, isto é, ceder diante da pressão. O mesmo Pedro que negou o seu Senhor com medo de uma criada, negou-o agora com medo do partido da circuncisão. Ele continuava crendo no evangelho, mas falhou na sua prática. Sua conduta "não se ajustou" com o evangelho. Ele virtualmente contradisse o evangelho com sua atitude, por­que lhe faltou coragem nas convicções. C. As consequências Já observamos que "os demais judeus dissimularam com ele, a ponto de o próprio Barnabé ter-se deixado levar pela dissimulação deles" (verso 13). "A dissimulação deles", comenta Lightfoot, "foi uma enchente que levou tudo de roldão" Até Barnabé, o amigo de confiança de Paulo e seu colega missionário, que permanecera firme ao seu lado em Jerusalém (versos 1, 9), agora, em Antioquia, cedeu. Isto é importante. Se Paulo não tivesse se colocado contra Pedro naquele dia, toda a igreja cristã teria derivado para uma água parada, estagnando, ou então haveria uma permanente rixa entre o Cristianismo gentio e o judeu, "um Senhor, mas duas mesas do Senhor". A notável cora­gem de Paulo naquela ocasião, resistindo a Pedro, preservou a verda­de do evangelho e a fraternidade internacional da igreja. Agora vamos deixar Pedro de lado e vamos nos voltar para Paulo. 2. A Conduta de Paulo (versos 14-16). A. O que ele fez. O verso 11 diz que Paulo "resistiu" ou "enfrentou" (JB) a Pedro "face a face". A razão da atitude drástica de Paulo foi que Pedro "se tornara repreensível". Isto é, "ele estava inteiramente errado" (BLH). Além disso, Paulo repreendeu Pedro "na presença de todos" (v. 14), franca e publicamente. Paulo não hesitou, nem mesmo por deferência ao que Pedro era. Ele reconhecia que este era um apóstolo de Jesus Cristo, que realmen­te fora designado como apóstolo antes dele (1: 17). Sabia que Pedro era umas das "colunas" da igreja (v. 9), a quem Deus confiara o evangelho para os circuncidados (v. 7). Paulo não negou nem se esqueceu destes fatos. Não obstante, isto não o impediu de contradizer e se opor a Pedro. Nem o intimidou de fazê-lo publicamente. Ele não deu ouvidos àqueles que talvez o aconselhassem a ser cauteloso, evitando lavar roupa suja teológica em público. Ele não tentou ocultar a desavença ou marcar (como nós faríamos) uma entrevista particular da qual o público ou a imprensa ficasse excluído. A entrevista em Jerusalém foi particular (v. 2), mas a revelação dos fatos em Antioquia teve de ser pública. O afastamento de Pedro dos crentes gentios havia provocado um escândalo público; da mesma forma, ele de­veria sofrer oposição publicamente. Portanto, Paulo se opôs a Pedro "face a face" (v. 11) e "na presença de todos" (v. 14). Foi exatamente o tipo de colisão frontal que a igreja tentaria evitar a qualquer preço nos dias de hoje. B. Por que ele o fez. Por que Paulo se atreveu a contradizer um companheiro seu, apóstolo de Jesus Cristo, e isto publicamente? Seria porque tinha um temperamento irascível e não podia controlar o gênio ou a língua? Seria ele um exibicionista, que gostava de discutir? Será que considerava Pedro como um perigoso rival, de modo que agarrou aquela oportunidade para rebaixá-lo? Não. Nenhuns desses sentimentos desprezíveis motivaram a Paulo. Por que então ele agiu desse modo? A resposta é simples. Paulo agiu assim porque estava profundamente preocupado exatamente com o princípio que Pedro parecia ignorar. Ele sabia que o princípio teoló­gico que estava em jogo não era um assunto sem importância. Martinho Lutero capta isso de maneira admirável: "Ele não estava lidando com um assunto superficial, mas com o artigo principal de toda a dou­trina cristã... Pois quem é Pedro? Quem é Paulo? Quem é um anjo do céu? O que são todas as outras criaturas para com o artigo da justi­ficação? O que somos nós, se é que o sabemos, estamos à luz clara do dia; mas se somos ignorantes nesse ponto, então estamos na mais miserável escuridão." Que princípio teológico era esse que estava em jogo? Duas vezes neste capítulo o apóstolo chama-o de "a verdade do evangelho". Fora a questão discutida em Jerusalém (v. 5), e foi novamente o assunto discutido em Antioquia (v. 14). Paulo "viu". Observe a percepção espiritual nessa questão fundamental que ele reivindica: que Pedro e os outros não estavam procedendo "corretamente segundo a verdade do evangelho" (literalmente, "não andavam corretamente", v. 14). "A verdade do evangelho" parece estar sendo compara­da a um caminho reto e estreito. Em vez de se manter nele, Pedro esta­va se desviando. Qual é, então, essa verdade do evangelho? Qualquer leitor da Epís­tola aos Gálatas deveria perceber a resposta a esta pergunta. São as boas novas de que nós, os pecadores, culpados e sob o julgamento de Deus, podemos ser perdoados e aceitos pela sua plena graça, pelo seu favor livre e imerecido, com base na morte do seu Filho e não através de quaisquer obras ou méritos nossos. Mais resumidamente, a verdade do evangelho é a doutrina da justificação (que significa aceitação diante de Deus) tão somente pela graça, através da fé, o que Paulo prossegue expondo nos versos 15-17. Qualquer desvio deste evangelho o apóstolo simplesmente não con­segue tolerar. No começo da epístola ele pronunciou um terrível anátema contra aqueles que o distorciam (1: 8, 9). Em Jerusalém ele se re­cusou a submeter-se aos judaizantes por um momento que fosse, "pa­ra que a verdade do evangelho permanecesse" (2: 5). E agora em Antioquia, movido por essa mesma veemente lealdade para com o evan­gelho, ele enfrenta Pedro face a face porque o comportamento deste contradizia tal verdade. Paulo estava determinado a defender e man­ter o evangelho a qualquer custo, ainda que fosse às custas da humi­lhação pública de um irmão apóstolo. Mas talvez alguém fique imaginando por que o afastamento de Pe­dro contradizia a verdade do evangelho. Considere com atenção o ra­ciocínio de Paulo. Os versos 15 e 16 dizem: Nós (isto é, Pedro e Paulo)... Sabendo, contudo, que o homem (qualquer homem, judeu ou gentio) não é justificado por obras da lei, e, sim, mediante a fé em Cristo Jesus... Estas palavras fazem parte do que Paulo disse a Pedro em Antioquia, fazendo-o lembrar do evangelho que eles dois conhe­ciam e que ambos defendiam. Neste assunto não havia diferença de opinião entre eles. Eles haviam concordado que Deus aceita o pecador através da fé em Cristo e por causa da obra que ele consumou na cruz. Este é o caminho da salvação para todos os pecadores, tanto judeus como gentios. Não há distinção entre eles quanto ao pecado; e, por­tanto, não há distinção entre eles quanto ao meio de sua salvação. Agora, se Deus justifica os judeus e os gentios nos mesmos termos, simplesmente pela fé no Cristo crucificado, não vendo diferença entre eles, quem somos nós para negar comunhão aos crentes gentios ape­nas porque não são circuncidados? Se, para aceitá-los, Deus não exige a tal obra da lei chamada circuncisão, como nos atrevemos a lhes im­por uma condição, a qual o próprio Deus não impõe? Se Deus os aceitou, como podemos rejeitá-los? Se ele os aceita na sua comunhão, va­mos nós negar-lhes a nossa! Ele os reconciliou consigo mesmo; como podemos nos afastar daqueles a quem Deus reconciliou? O princípio está bem explicado em Romanos 15: 7: "Portanto, acolhei-vos uns aos outros, como também Cristo vos acolheu". Além disso, o próprio Pedro fora justificado pela fé em Jesus. Além de "conhecer" a doutrina da justificação pela fé, ele próprio agira com base nela, "crendo" em Jesus a fim de ser justificado (v. 16). E Pedro já não observava mais os regulamentos dietéticos judaicos. Se, sendo tu judeu, diz-lhe Paulo, vives como gentio, e não como ju­deu, por que obrigas os gentios a viverem como judeus? (v. 14). C. As consequências. Nesta passagem não somos informados explicitamente do que resul­tou da atitude de Paulo, mas a perspectiva da história mais adiante nos diz. Este incidente em Antioquia precipitou o futuro Concilio de Jerusalém, descrito em Atos 15. É possível que Paulo estivesse já a ca­minho de Jerusalém para assistir ao Concilio quando escreveu esta epís­tola (Gálatas). Sabemos de At 15: 1, 2 que as dissensões provocadas pelos judaizantes em Antioquia foram a causa imediata do Concilio. Paulo, Barnabé e alguns outros foram designados pela igreja para irem a Jerusalém, falar com os apóstolos e os anciãos acerca desta questão. Tam­bém sabemos qual foi a decisão que o Concilio de Jerusalém tomou, isto é, que a circuncisão não devia ser exigida dos crentes gentios. E, assim, parcialmente como resultado da posição de Paulo contra Pedro em Antioquia naquele dia, o evangelho obteve uma grande vitória. Conclusão. O que podemos aprender hoje desta desavença entre Paulo e Pedro em Antioquia? Será que não passou de uma indigna e indecorosa coli­são de personalidades, sem qualquer significado duradouro? Pelo con­trário, a controvérsia entre Paulo e Pedro tem se repetido em debates eclesiásticos contemporâneos, especialmente no que se refere à comunhão internacional. O cenário é diferente. Não é mais a Síria nem a Palestina, mas outras partes do mundo, sem excluir o Brasil. Os parti­cipantes também são diferentes. Eles não são apóstolos do primeiro século, mas gente da igreja do século XXI. O campo de batalha também é diferente, pois já não é mais a questão da circuncisão mosaica, mas assuntos secundários tais como a confirmação, a forma de batismo ou o ministério da igreja. Mas a questão fundamental em jogo é exata­mente a mesma, isto é: em que base os crentes cristãos podem desfrutar a comunhão uns com os outros ou afastar-se uns dos outros? A resposta a estas perguntas encontra-se no evangelho. O evangelho é a boa nova da justificação dos pecadores pela graça de Deus. Ele nos diz que a aceitação do pecador diante de Deus é somente pela fé, total­mente à parte das obras.

Esta é a verdade do evangelho. Uma vez que a assimilemos claramente, ficamos em posição de entender nosso du­plo dever para com ela. A. Devemos andar corretamente, de acordo com o evangelho, não basta que creiamos no evangelho (Pedro cria, v. 16), nem mesmo que lutemos por preservá-lo, como Paulo e os apóstolos de Je­rusalém fizeram, e os judaizantes não. Temos que ir ainda mais adian­te. Temos de aplicá-lo; foi o que Pedro deixou de fazer. Ele sabia per­feitamente bem que a fé em Jesus é a condição única para que Deus tenha comunhão com os pecadores; mas ele acrescentou a circuncisão como condição extra para que ele tivesse comunhão com eles, contra­riando assim o evangelho. Hoje em dia diversos grupos cristãos e pessoas repetem o mesmo erro de Pedro. Recusam-se a ter comunhão com outros crentes cris­tãos professos a não ser que estes sejam totalmente imersos na água (nenhuma outra forma de batismo os satisfaz), ou que tenham sido episcopalmente confirmados (insistem que apenas as mãos de um bis­po na sucessão histórica são adequadas), ou que sua pele tenha determinada cor, ou que venham de uma determinada classe social (geral­mente a de cima) e assim por diante. Tudo isto é uma séria afronta ao evangelho. A justificação é só pe­la fé; não temos o direito de acrescentar uma forma particular de ba­tismo, de confirmação ou alguma condição denominacional, racial ou social. Deus não insiste nessas coisas para nos aceitar em sua comu­nhão; por isso não devemos insistir nelas também. Que exclusividade eclesiástica é esta que nós praticamos e Deus não? Será que somos mais reservados do que ele? A única barreira para termos comunhão com Deus, e consequentemente uns com os outros, é a incredulidade, a fal­ta da fé salvadora em Jesus Cristo. Não somos anarquistas, é claro. É necessário haver uma sadia disciplina eclesiástica. Cada igreja tem o direito de estabelecer regras pró­prias para os seus membros. O propósito de tal disciplina doméstica é garantir, na medida do possível em termos humanos, que aqueles que desejam ser membros da igreja tenham sido justificados pela fé. Mas negar a um companheiro cristão (crente, batizado, membro ativo de outra igreja) o acesso à mesa do Senhor simplesmente porque ele não foi batizado da mesma forma que nós ou porque não foi confirmado, ou por qualquer outro motivo, é uma ofensa ao Deus que o justificou, um insulto ao irmão pelo qual Cristo morreu e uma contradição à ver­dade do evangelho. Quem sou eu para considerar impuro um compa­nheiro crente justificado, para não comer com ele? Temos de ouvir no­vamente a voz que veio do céu: "Ao que Deus purificou não conside­res comum" (Atos 10: 15). B. Devemos nos opor àqueles que negam o evangelho Quando o problema existente entre nós for trivial, devemos ser o mais flexível possível. Mas quando a verdade do evangelho estiver em jogo, devemos permanecer firmes. Graças a Deus por Paulo que enfrentou Pedro face a face, por Atanásio que enfrentou o mundo inteiro quan­do o Cristianismo abraçou a heresia ariana, e por Lutero que se atre­veu a desafiar até mesmo o papado. Onde estão os homens desse cali­bre nos dias de hoje? Muitos são os grupos de pressão vocal na igreja contemporânea. Não devemos ser levados à submissão por causa do medo. Se eles se opõem à verdade do evangelho, devemos nos opor a eles sem hesitação. Bibliografia J. R. W. Stott

Porque eu não creio em apóstolos contemporâneos




Há quem defenda que nos dias de hoje Deus tem levantado uma geração apostólica, restaurando “ministérios perdidos” durante séculos através de novos apóstolos, supostamente com os mesmos poderes (e até maiores) que os escolhidos por Jesus na igreja primitiva. Muitos deles chegam a declarar novas revelações extrabíblicas, curas e milagres extraordinários, liberando palavras proféticas e unções especiais, vindas diretamente do “trono de Deus” para a Igreja. Seus seguidores constantemente ouvem o termo “decretos apostólicos”, dos quais afirmam que uma vez proclamados por um apóstolo, há de se cumprir fielmente a palavra profética, pois o apóstolo é a autoridade máxima da igreja, constituído diretamente por Deus com uma unção especial diferenciada dos demais membros.


No site de uma “conferência apostólica” ocorrida há alguns anos, narraram a seguinte declaração de um apóstolo contemporâneo: “A segunda noite de mover apostólico invadiu os milhares de corações presentes nesta segunda noite de Conferência Apostólica 2006. Com a ministração especial do Apóstolo Cesar Augusto a respeito do “Ser Apostólico”, todos ficaram impactados com mais esta revelação vinda direto do altar do Senhor para seus corações. Ser Apostólico é valorizar a presença de Deus, é ser fiel, é crer que Deus pode transformar, é ter uma unção especial para conquistar o melhor da terra e, por fim, é crer que Deus age hoje em nossas vidas. [...] Todos saíram do Ginásio impactados por esta revelação, saíram todos apostólicos prontos para conquistar o Brasil e o mundo para Jesus.” [1]


Peter Wagner, um defensor do apostolado contemporâneo, define o dom de apóstolo nos dias de hoje da seguinte forma: “O dom de apóstolo é uma habilidade especial que Deus concede a certos membros do corpo de Cristo, para assumirem e exercerem liderança sobre um certo número de igrejas com uma autoridade extraordinária em assuntos espirituais que é espontaneamente reconhecida e apreciada por estas igrejas. A palavra chave nesta definição é AUTORIDADE, pois isto nos ajuda a evitar um erro muito comum que as pessoas fazem ao confundirem o dom do apóstolo com o dom de missionário.” [2]


Com estas declarações, podemos deduzir logicamente duas coisas: Ou o ministério apostólico contemporâneo é uma realidade na Igreja nos últimos dias, ou estamos diante de uma grande distorção bíblica, na qual precisa ser rejeitada e combatida urgentemente. Se a primeira hipótese estiver correta, então obviamente não devemos questioná-los, além de aceitar como verdade de Deus tudo o que vier dos mesmos. Caso contrário, resta-nos rejeitar totalmente as palavras e as reivindicações proféticas destes apóstolos contemporâneos por serem antibíblicas.


Para ter plena certeza do que se trata, não existe alternativa a não ser partir para a análise bíblica, pois a Palavra de Deus é a nossa única regra de fé e conduta, base normativa absoluta para toda e qualquer doutrina. Portanto, da mesma forma que os bereianos de Atos 17:11 fizeram quando receberam as palavras do Apóstolo Paulo, devemos também analisar esta questão sob à luz das escrituras.


A primeira pergunta que devemos fazer é: existem apóstolos nos dias de hoje? Para chegar à resposta, primeiramente precisamos entender quem foi os apóstolos na igreja primitiva. Para tanto, é necessário verificar o fator etimológico da palavra Apóstolo. Biblicamente, esta palavra significa “enviado, mensageiro, alguém enviado com ordens” (grego = apostolos), é utilizada no Novo Testamento em dois sentidos: 1º – Majoritariamente de forma técnica e restrita aos apóstolos escolhidos diretamente por Cristo; 2ª – Em sentido amplo, para casos de pessoas que foram enviadas para uma obra especial. Neste último, a palavra utilizada provém da correlação verbal do substantivo “apóstolo” e o verbo em grego “enviar” (grego = apostello).[3] Das 81 vezes que a palavra apóstolo e suas derivações aparecem no texto grego do Novo Testamento, 73 vezes é utilizada no sentido restrito ao grupo seleto dos 12 apóstolos de Cristo, apenas 7 vezes no sentido amplo (Jo 13:16, 2Co 8:23, Gl 1:19, Fl 2:25, At 14:4 e 14, Rm 16:7) e uma vez para Jesus Cristo em Hb 3:1. [4]


Podemos perceber que, em tese qualquer pessoa que é “enviada” para um trabalho missionário é um apóstolo. Porém, os problemas aparecem quando alguém propõe para si a utilização do termo no sentido restrito ao ofício de apóstolo.


Biblicamente, havia duas qualificações específicas para o apostolado no sentido restrito: 1ª – Ser testemunha ocular de Jesus ressurreto (Atos 1:2-3, 1:21-22, 4:33 e 9:1-6; 1Co 9:1 e 15:7-9); 2º – Ter recebido sua comissão apostólica diretamente de Jesus (Mt 10:1-7, Mc. 3:14, Lc 6:13-16, At 1:21-26, Gl 1:1 e  1:11-12 ). Este fato leva-nos a questionar: quem comissionou os apóstolos contemporâneos?


Depois da ressurreição, Jesus apareceu para os apóstolos comissionados por ele próprio e também para várias pessoas, sendo Paulo o último a vê-lo: “Depois foi visto por Tiago, mais tarde, por todos os apóstolos e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo. Porque eu sou o menor dos apóstolos…” (1Co 15:7-9). No grego, as palavras “depois de todos” é eschaton de pantwn, que significa literalmente “por último de todos”. [5]


Paulo foi o último apóstolo comissionado por Jesus (At 9:1-6). Posteriormente, não encontramos base bíblica para afirmar que exista uma sucessão ou restauração ministerial de apóstolos. Todas as tentativas para justificar uma suposta restauração do ofício apostólico nos dias de hoje, partiram de interpretações alegóricas, isoladas e equivocadas de textos bíblicos.[6] Na história da igreja, não temos nenhum grande líder utilizando para si o título de apóstolo. Papias e Policarpo, que eram discípulos dos apóstolos e viveram logo após o ministério apostólico, não utilizaram esse título. Nem mesmo grandes teólogos e pregadores da história como Agostinho, Calvino, Lutero, Wesley, Whitefield, Spurgeon – entre tantos outros, utilizaram para si o título de apóstolo.


Os apóstolos tiveram um papel fundamental para o estabelecimento da Igreja. Nesta construção, Jesus foi a pedra angular e o fundamento foi posto pelos apóstolos e profetas, conforme descrito em Efésios 2:19-20: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular”. Esta passagem é o contexto direto de Efésios 4:11“E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres”. Ora, se já temos o alicerce pronto, qual a necessidade de construí-lo novamente? Na verdade não há possibilidade, pois tudo o que vier posteriormente deverá ser estabelecido sobre esta base, conforme alertado pelo apóstolo Paulo: “Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei o fundamento como prudente construtor; e outro edifica sobre ele. Porém cada um veja como edifica. Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo.” (1Co 3:10-11)


Como fundamento da Igreja, os apóstolos possuíam plena autoridade dada pelo próprio Jesus Cristo para designar suas palavras como Palavra de Deus para a igreja em matéria de fé e prática. Através desta autoridade apostólica mediante o Espírito Santo é que temos hoje o que conhecemos como cânon do Novo Testamento, escritos pelos apóstolos. Além disso, faziam parte das credenciais dos apóstolos: operar milagres e sinais extraordinários como curas de surdos, aleijados, cegos, paralíticos, deformidades físicas, ressurreições de mortos etc. (2Co 12:12). Eu creio que Deus opera curas em resposta à orações conforme a vontade soberana d’Ele, porém não creio que as mesmas aconteçam através do comando verbal de novos apóstolos, da mesma forma que era feito pelos apóstolos na igreja primitiva de forma extraordinária.


Outro grande problema que encontramos no título de apóstolo nos dias de hoje é que, automaticamente as pessoas associam o termo aos 12 apóstolos de Jesus. Quem lê o Novo Testamento, identifica a grande autoridade atribuída ao ofício de apóstolo e consequentemente esta autoridade será ligada aos contemporâneos. Quem reivindica o título de apóstolo, biblicamente está tomando para si os mesmos ofícios dos apóstolos comissionados por Jesus, colocando as próprias palavras proferidas ou escritas em pé de igualdade e autoridade dos autores do Novo Testamento. Afinal, os apóstolos tinham autoridade para receber revelações diretas de Deus e escrevê-las para o uso da Igreja. Se admitirmos que existam “novos apóstolos”, devemos assumir que a Bíblia é insuficiente e que as palavras dos contemporâneos são canônicas, o que é absolutamente impossível e antibíblico!


Não podemos deixar de citar o festival de misticismo antibíblico praticado por muitos apóstolos contemporâneos, tais como: atos proféticos, novas unções, revelações extrabíblicas, maniqueísmo, manipulação e coronelização da fé através do conceito “não toqueis nos ungidos”, judaização do evangelho etc. Além disso, o próprio modo de vida deles mostra o oposto dos originais, os apóstolos de Cristo tiveram vida humilde, foram presos, açoitados, humilhados e todos (com excessão de Judas Iscariotes que suicidou-se e João que teve morte natural) morreram martirizados por pregarem o evangelho. Ao contrário disso, os contemporâneos vivem uma vida com patrimônios milionários, conforto e prosperidade financeira. Quando sofrem algum tipo de “perseguição”, as mesmas são decorrentes à contravenções penais com a justiça.


Após esta breve análise, concluo que não há apóstolos hoje! O apostolado contemporâneo é uma distorção bíblica gravíssima que reivindica autoridade extrabíblica, da mesma forma que a sucessão apostólica da Igreja católica romana e os Mórmons. Por isso, devemos rejeitar a “restauração” do ofício apostólico, pois os apóstolos contemporâneos não se encaixam nos padrões bíblicos que validam o apostolado, bem como não existe base bíblica que autorize tal restauração.


Sola Scriptura!


Notas:[1] – Conferência apostólica 2006, site oficial.[2] – Citado no ítem reforma apostólica do site Lagoinha.com[3] – Dicionário Bíblico Strong – Léxico Hebr., Aram. e Grego – SBB – 2002, pág. 1214, nº649/652.[4] – Concordância Fiel do Novo Testamento Grego – Português, Editora Fiel, Vol. I, pág. 84[5] – Citado no artigo: Carta ao Apóstolo Juvenal, por Rev. Augustos Nicodemus Lopes.


Por Ruy Marinho, em 27 de agosto de 2012


Cristão reformado, casado com Sandra Nara e pai do Davi. Diretor de arte, designer gráfico por formação. Teólogo, apologista cristão e blogueiro, autor de diversos artigos referentes à defesa da fé cristã, bem como refutações de práticas anti-bíblicas, de seitas e heresias. Editor do Blog Bereianos e articulista de outros blogs e sites. Twitter @ruymarinho


http://colunas.gospelmais.com.br/porque-eu-nao-creio-em-apostolos-contemporaneos_2334.html



SOBRE AS BÍBLIAS DE ESTUDO VIDA NOVA, THOMPSON, SHEED E O TEXTO BÍBLICO EFÉSIOS 4: 11




TERÇA-FEIRA, 29 DE DEZEMBRO DE 2009.

Você já reparou o seguinte?
A Bíblia de Estudo Vida Nova, publicação que não existe mais, trazia ao mesmo tempo as Referências Thompson e as notas de Sheed? Isto é, ela pode ser considerada, hoje, uma Bíblia de Estudo 2 em 1! Plus!

Com certeza, por força contratual, a editora Edições Vida Nova perdeu os direitos dos estudos de Thompson, adquiridos logo a seguir pela Editora Vida, que sem perder muito tempo, logo lançou a Bíblia de Referências Thompson. E a editora Vida Nova, seguindo adiante, lançou a Sheed, apenas com os comentários do renomado teólogo Russel P. Sheed.

Considero os estudos bíblicos inseridos nas Bíblias de Estudos importantes. Aprendi a amar ao Senhor, verdadeiramente, estudando a Palavra de Deus baseado nesses auxílios.
Foi pelos idos de 1985-89, usando uma Bíblia Vida Nova, primeira edição, e sendo assíduo nas aulas das escolas bíblicas dominicais, onde havia material da CPAD, que firmei minha fé em Cristo. Inclusive me destacando como professor de classe de jovens por algum tempo.

Penso que os comentaristas destas Bíblias estejam catalogados em Efésios 4: 11. São doutores, mestres (ARC / ARA). Eles estão na mesma classe dos profetas, dos apóstolos, pastores e evangelistas, "com vista ao aperfeiçoamento dos santos".

É obvio e ululante que todo estudante das Escrituras deve fazer leitura crítica ao se debruçar nas notas-de-rodapé dessas Bíblias. Assim como todo cristão, igualmente, necessita ser crítico ao ouvir os sermões nos cultos ou usar as revistas de Lições Bíblicas. Da CPAD, Betel, Central Gospel ou outra editora.

Em nossos corações, acima de todo elemento humano, que é falível mesmo que tenha as melhores intenções, deve estar entronizado o nosso Deus, que não erra.
Temos que examinar tudo e ficar apenas com o que for realmente bom (1ª Tessalonicenses 5.21).

E.A.G.
9:02:00 AM

Postado por Eliseu Antônio Gomes

Existe “o certo e o errado” ou é uma questão de ponto de vista?




by Sarah Sheeva
O certo e o errado

Será que existe "o certo e o errado", ou será que é uma questão de ponto de vista?
Para o mundo "o certo e o errado" é uma questão de ponto de vista.
Mas pra quem crê na Palavra de Deus não.
Para quem crê, existe o que é CERTO, e existe o que é ERRADO. Existe aquilo que é certo, e existe aquilo que é errado.
Quem dita as regras?
Quem dita as regras da vida?
A resposta é:
Quem tem o Poder de dar (e de conservar) a vida = Deus!
E como nós que cremos reconhecemos a Bíblia como fonte da verdade teológica, para nós então a Bíblia é um guia (e uma palavra definitiva) sobre as coisas que são CERTAS, e sobre as coisas que são ERRADAS.
Observe que, além de mandamentos e doutrinas, a Bíblia também contém histórias, que, nem sempre incluem MANDAMENTOS, ensinamentos doutrinários, ordens de Deus, estatutos, etc.
Mas além dessas histórias, a Bíblia contém outras que incluem mandamentos. Existem livros específicos sobre estatutos, e existem os estatutos temporais, e os estatutos PERPÉTUOS, ou seja, perpétuos são aqueles que nunca expiram (pelo menos enquanto vivermos aqui nesta dimensão).
Um exemplo sobre “estatuto temporal” = A proibição de comer carne de porco. (Deuteronômio 14.8 – Atos 11. 4 a 15).
Um exemplo de “estatuto perpétuo” = “Não adulterarás...”
(Êxodo 20.14 – Mateus 5.27)

Mas continuando a falar sobre “certo e errado”, para o mundo (e para os DESobedientes), o "certo" é aquilo que simplesmente “dá prazer”, aquilo que produz “sensações” de prazer, ainda que rapidamente e momentaneamente. Ou seja, para o mundo, o “certo” é auto satisfazer-se, e ponto final.
Mas nós (que cremos na Bíblia) sabemos que isso é mentira. Porque?
Porque nem tudo que nos dá prazer nos faz bem. As vezes aprendemos a ter prazer em algo MALIGNO e destrutivo. Porque?
Porque os prazeres são “aprendidos” e desenvolvidos em nossa alma, desde a infância.
Por isso, podemos ter aprendido a sentir prazer em algo muito ruim para nós, podemos ter uma determinada vontade HOJE, que aprendemos e desenvolvemos HÁ MUITO TEMPO ATRÁS, quando nem tínhamos consciência das coisas espirituais.
As vezes, prazeres completamente malignos podem ser desenvolvidos no período da adolescência, onde estamos descobrindo as sensações e emoções, onde o desconhecido (e o “proibido”) causam grande curiosidade (mas isso não significa que na fase adulta estejamos imunes a desenvolvermos prazeres por coisas ruins).
Por exemplo: um adolescente experimentou cigarro, achou o gosto ruim, mas mesmo achando ruim, insistiu em aprender a fumar. A partir daquele momento aquele jovem desenvolve, aprende a sentir prazer em inalar (pela boca) uma fumaça podre (que fede). Ele aprendeu a sentir prazer, desenvolveu prazer por algo que, além de feder e ter gosto de cinzeiro (algo horroroso), é algo que, cientificamente provado, faz mal a saúde e que pode matar.
Ou seja, o ser humano PODE SIM desenvolver/aprender a sentir prazer em algo terrivelmente destrutivo e maligno.

Por isso, NEM TUDO O QUE NOS DÁ PRAZER NOS FAZ BEM.
As vezes aprendemos a querer o PIOR para nós, e não o MELHOR.
Voltando ao CERTO e ERRADO, o CERTO é o melhor, é aquilo que te faz bem, que melhora a tua vida, que não produz malefício, que não prejudica a saúde, que está alinhado com a vontade de Deus (descrita em Sua Palavra), ou seja, aquilo que não te prejudica em nenhuma área: física, emocional e espiritual. E que te faz bem, que produz benefícios nessas áreas.
Observe que nem sempre o que produz benefícios nos dá prazer na hora, mas muitas vezes, na hora é até desagradável para a nossa carne e pra nossa alma, porém, depois trás paz ao nosso espírito, juntamente com bons frutos.

Já o ERRADO é aquilo que nos faz mal, é o PIOR, aquilo que nos prejudica em alguma área: física, emocional, espiritual.
Porém como já te falei, não confunda PRAZER com BENEFÍCIO, porque dependendo da situação, a nossa percepção de prazer pode estar errada e distorcida, ou seja, não confie no prazer, pois NEM TUDO O QUE NOS DÁ PRAZER, NOS FAZ BEM.
O ERRADO é aquilo que nos faz MAL. É aquilo que nos PREJUDICA de alguma forma. Por isso não podemos confiar em nossas SENSAÇÕES porque elas podem nos enganar.

Escrevendo sobre isso, veio a minha memória uma historia bem triste, um acidente terrível que ocorreu aqui no Brasil, em Goiânia, no ano de 1987. Foi um acidente com lixo atômico, eu tinha 14 anos na época, e lembro bem da repercussão, não se falava em outra coisa nos noticiários. O acidente foi assim: dois homens entraram num local abandonado (que era um antigo hospital), ali nos escombros eles encontraram uma capsula com material radioativo (Césio-137), e sem saber do perigo, venderam aquela capsula para outro homem que levou a capsula pra casa. Ao abrir a capsula, o homem encontrou um pó brilhante de cor azulada que parecia ser algo “sobrenatural”, pois além de fascinante, ele brilhava no escuro.
Maravilhado com a beleza daquele pó brilhante, o homem chamou alguns parentes que também ficaram impressionados, e alguns na empolgação, chegaram a espalhar o pó pelo corpo! Mas sem terem ideia do que estavam fazendo, sem saberem que aquele pó “tão lindo” era altamente mortal para eles.
 A história impressionava não apenas pela gravidade, pelas vítimas fatais, e pela grande quantidade de pessoas contaminadas, mas principalmente por causa da inocência das vítimas fatais, que “na maior boa intenção”, causaram a morte de pessoas que amavam, e a própria morte.

Esse acidente me veio a memória como um exemplo perfeito de algo que PERECE ser CERTO, que parece ser bom... mas que na verdade é algo muito ruim e MUITO ERRADO.
(Quem quiser saber mais detalhes sobre como foi a historia desse terrível acidente, veja nesse link: www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&ved=0CCkQFjAA&url=http://www.alunosonline.com.br/quimica/acidente-com-cesio137.html&ei=jp82UJ_kLqna6gGxxYDADw&usg=AFQjCNEYxhyr9ng0jPW2lxZs_Vjpx2wXNA)

Entenda, o certo e o errado existem. E quem definiu isso? Foi Aquele que criou todas as coisas. Cabe a nós enxergarmos isso, reconhecermos isso, buscarmos conhecer cada vez mais a verdade, para discernirmos o que é mentira.
Deus é tão justo e tão bom que não leva em conta o tempo da nossa ignorância. Mas não devemos nos acomodar na ignorância, devemos buscar cada vez mais o conhecimento sobre o que é certo e o que é errado.

Sempre digo pras pessoas que Jesus é SIMPLES, mas que o mundo espiritual é COMPLEXO. Por isso, não se deixe enganar pela aparência das coisas deste mundo. A Bíblia diz que o mundo (sistema) jaz no maligno, que o diabo é o regente deste mundo (sistema). Dessa forma, o sistema é responsável (sob a influencia de seu regente, o diabo) por nos sugerir vontades, nos sugerir comportamentos, nos sugerir um estilo de vida, nos sugerir uma conduta e uma vida de “porta larga”.
Mas não se deixe enganar, a porta CERTA é estreita, e o caminho CERTO é apertado, ele é desafiador mesmo. Jesus Cristo nunca disse que viver seria fácil. Mas Ele mandou que tivéssemos bom ânimo, porque Ele venceu o mundo (sistema). Ele nos mostrou que mundo é passageiro, mas que a eternidade nos aguarda.
Por isso, no dia a dia, não devemos nos deixar enganar pelas sensações, pelas percepções da alma, devemos buscar a direção do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

Busque a direção dEle, peça a Ele que te mostre se você não está fazendo algo muito ERRADO que PAREÇA algo CERTO.

Talvez, lendo esse texto você tenha enxergado que fez algo errado, algo que na hora, te pareceu ser algo CERTO e até muito bom pra você. Mas agora as escamas que te cegavam, caíram dos teus olhos. Se isso te aconteceu, saiba que Deus SABE que você era ignorante, que você não sabia que estava fazendo a coisa errada, por isso, se você reconhecer, confessar a Ele, e pedir perdão, Ele te perdoa na hora.
Deus ama você.
Assim como a historia desse acidente que eu citei, a tua historia pode ter vários relatos horríveis... Mas se você ainda está lendo esse texto, é porque você ainda está vivo(a)... Por isso AINDA EXISTE JEITO de mudar o final da tua história.

Decida obedecer a Deus. Busque o conhecimento de Deus.
Busque o Reino dEle, e aí TODAS as outras coisas te serão acrescentadas (Mateus 6.33).

Paz,
Pra.Sarah Sheeva
23.08.2012

“Crescimento dos evangélicos no Brasil está ligado aos televangelistas”, diz Russell Shedd.



Jussara Teixeira, 8 de Setembro, 2012

Teólogo consagrado: Russell Shedd fala sobre crescimento evangélico no Brasil e a teologia da prosperidade

Ele é PhD em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo, Escócia, fundou uma editora cristã – a edições Vida Nova – e tem seu nome em uma Bíblia de estudos. Mas somente esses itens não resumem o extenso currículo desse consagrado teólogo, chamado não sem razão de “Doutor Bíblia”.

Dr. Russell Philip Shedd é autor da Bíblia Shedd, considerada por muitos teólogos como a mais completa e conceituada Bíblia de estudo do mundo, reunindo em um só volume informação histórica, arqueológica, linguística e teológica.

Em sua preleção durante o aniversário de 50 anos da editora Vida Nova, que ajudou a fundar, fez questão de dar todo crédito a Deus pelo bem sucedido trabalho ao longo de tantos anos. “Escolher livros para serem publicados é um privilégio (…) e é por causa da editora Vida Nova que eles existem hoje, com a graça de Deus, surgiram aqueles livros, e das cabeças de seus autores. D’Ele são todas as coisas, e para Ele”, afirmou Dr. Shedd.

Nesta entrevista exclusiva ao Gospel Voice ele fala sobre o crescimento dos evangélicos no Brasil, o desenvolvimento do mercado editorial cristão e a teologia da prosperidade.

Acompanhe:

GV: Dados do Censo Demográfico divulgados em junho pelo IBGE mostraram que o numero de evangélicos no Brasil aumentou 62,45% em 10 anos e hoje são 42,3 milhões. A que senhor credita esse crescimento?

RS: Esse crescimento reflete a insatisfação com a religiosidade que herdamos de nossos pais, o catolicismo. Um dos atrativos das igrejas evangélicas são aquelas que visam respostas a problemas imediatos, um trabalho, uma enfermidade. Na televisão os televangelistas neopentecostais atraem muita gente, com soluções imediatistas e milagrosas.

Divulgação/Micheli LopesRS: As igrejas pentecostais e neopentecostais crescem de forma acelerada, mas as tradicionais também registram crescimento, mas não de forma explosiva. O tipo de culto também mudou. Antigamente tínhamos um culto formal, sem participação, muito semelhante ao culto católico.

Na televisão os televangelistas neopentecostais atraem muita gente, com soluções imediatistas e milagrosas.

GV: Qual sua visão sobre a teologia da prosperidade?

RS: Não compactuo com a teologia da prosperidade. Ela fala muito em melhorar esta vida, mas não fala muito na vida futura. Todos terão que responder para Deus quando comparecerem frente ao tribunal de Cristo. Eu gostaria muito que os neopentecostais dessem ênfase não só no agora mas também na salvação em Cristo, transformação de vida e não apenas em melhorar a vida física. Fica muito no material!

GV: Acredita que o número de evangélicos continuará subindo? Dentro dele, o número dos “sem igreja”, pessoas que passeiam entre as igrejas e não tem uma fixa também está subindo. O que acha desse fenômeno?

RS: Acredito que vá continuar, mas com mudanças. Talvez não cresça tão rapidamente, pois temos que contar as pessoas que estão saindo, que são muitos, aqueles que realmente não querem mais congregar.

Eu gostaria muito que os neopentecostais dessem ênfase não só no agora, mas também na salvação em Cristo, transformação de vida e não apenas em melhorar a vida física. Fica muito no material!

GV: O que acha daqueles evangélicos que decidiram não mais frequentar uma igreja e cultivam sua espiritualidade de forma isolada?

RS: O problema é que eles não conhecem suas Bíblias. A Bíblia diz que não há salvação privada. Somo salvos no corpo de Cristo. O corpo de Cristo é uma reflexão da própria igreja, e o Espírito é a vida da igreja. Portanto, uma pessoa que se afasta da igreja está se afastando do próprio Senhor Jesus.

GV: Também o número dos sem religião – ateus e agnósticos – teve um aumento de 0,6% nos últimos dez anos. Esse fenômeno é mundial. O que acha de tal fato?

RS: O ensino nas universidades, muitos dos professores são ateus. Em locais onde a educação não é tão avançada, não existe tanto ateísmo. É também um fenômeno de grandes centros.

A Bíblia diz que não há salvação privada. Somo salvos no corpo de Cristo. O corpo de Cristo é uma reflexão da própria igreja, e o Espírito é a vida da igreja. Portanto, uma pessoa que se afasta da igreja está se afastando do próprio Senhor Jesus.

RS: Nunca imaginei que poderia explodir em números tão enormes. Quando chegamos ao Brasil todos os livros evangélicos cabiam em uma estante. A facilidade de edição e publicação mudou radicalmente e a computação ajudou muito nisso. A questão da qualidade sempre entra em discussão. Isso vai de acordo com quem lê! Se o livro é erudito, cheio de boas ideias e grandes ensinamentos teológicos mas ninguém lê, que adianta? Temos que sempre manter todas essas coisas em mente: tem que ser compreensível, atraente e também confiável de acordo com a Palavra.

GV: Estão surgindo traduções de Bíblias bem informais, como a The Voice, aonde as Escrituras vem em forma de roteiro de cinema. Acredita que essas traduções perdem a credibilidade e esvaziam o texto bíblico?

RS: Essas versões tem uma vantagem e uma desvantagem obviamente. Edições como a Bíblia Viva ou na Linguagem de Hoje são traduções dinâmicas e tem a vantagem que interpretam a Bíblia. Eu prefiro trabalhar coma língua original e saber realmente o que o autor escreveu e não o que tal pessoa pensa que ele escreveu.

[O ensino da teologia no Brasil] é como a própria educação no Brasil, que tem excelentes universidades e professores de nível internacional.

GV: Acredita que as lideranças estão sendo bem preparadas? Como está o ensino da teologia?

RS: Temos ótimos professores e seminários mas também tem muitas escolas que têm pouquíssima profundidade e qualidade de professores. É como a própria educação no Brasil, que tem excelentes universidades e professores de nível internacional. Mas também tem pessoas que saem da escola primária e não sabem nem ler. Esse é o problema que estamos enfrentando em todas as áreas, inclusive na teológica.