IGUAL-DESIGUAL Carlos Drummond de Andrade
Eu desconfiava
Todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os “best-sellers”são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.
Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todas as experiências de sexo são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas, e rondóis são iguais
e todos, todos
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais, iguais, iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
Ímpar.
Vocabulário:
1. Gazel – poesia amorosa.
2. Soneto - Composição poética de 14 versos, dispostos ou em dois quartetos e dois tercetos
3. Sextina - Poema de forma fixa, por via de regra em versos decassílabos, composto de seis sextilhas e, quase invariavelmente, um terceto (denominado tornada, envio ou remate), e no qual cada uma das últimas palavras dos versos da 1ª sextilha (não rimados, bem como os demais) se repete no fim dos versos das estrofes seguintes
4. Rondó - a) Composição poética com estribilho constante. b) Denominação comum a dois poemas de forma fixa: o rondó dobrado e o rondó simples.
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