Wednesday, May 11, 2011

Especial Tapacurá, Parte 2

A história

A força destrutiva de um boato

Jornalista e pesquisador conta que o primeiro boato do estouro de Tapacurá afetou mais de um milhão de pessoas

Do NE10

21 de julho de 1975. Fazia menos uma semana que os recifenses tinham enfrentado a maior cheia da história, que deixou 80% da cidade sob as águas. Outros 25 municípios da bacia do Capibaribe também foram atingidos. Morreram 107 pessoas e cerca de 350 mil ficaram desabrigadas. As águas começavam a baixar e a população, traumatizada, retomava suas atividades do cotidiano. Eis então que, por volta das 10h da manhã, o pavor volta a tomar conta do Recife. Ninguém sabe em que rua surgiu os primeiros gritos de "Tapacurá estourou". Em poucos minutos, o pavor contaminou moradores de todos os bairros da cidade.

A informação repassada de "boca em boca" era de que a barragem de Tacapurá, inaugurada em 1973 e que tem capacidade para acumular 94 milhões de metros cúbicos de água, havia estourado. A cidade seria destruída pelas águas em poucas horas. "A população estava traumatizada com a enchente sofrida três dias antes. As pessoas ficaram desnorteadas. O boato atingiu cerca 1,2 milhão de pessoas", conta o jornalista Homero Fonseca, autor do livro "Viagem ao planeta dos boatos", que relata o episódio de histeria coletiva provocado pelo rumor do rompimento de Tapacurá.

O pânico durou cerca de duas horas, mas seu momento de maior intensidade teve cerca de 30 minutos. As pessoas corriam sem rumo certo, subiam em árvores ou em altos edifícios, mulheres desmaiavam, os carros não respeitavam os sinais de trânsito e trafegavam em velocidade na contramão, comerciantes abandoram suas lojas, bancos e escolas fecharam as portas. Até doentes internados em hospitais abandonaram ambulatórios e enfermarias.

Do Portal NE10

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