Wednesday, May 11, 2011
Bíblia na Mochila, Camisinha na Carteira!
Esse foi um texto que eu encontrei numa revista evangélica On Line. E essa reportagem trata de um assunto que é bem atual, e real tambêm dentro de muitas igrejas evangélicas, acreditem ou não.
Apesar dos preceitos religiosos, o sexo é uma experiência cada vez mais precoce também para os jovens evangélicos. Por Mary Persia
É considerado pecado, mas muita gente faz. Inclusive os jovens que vão ao culto ouvir as palavras do pastor. Nestes tempos modernos, tudo indica que a mídia, a turma e os hormônios adolescentes vêm ganhando a batalha da sexualidade contra a religião. Uma pesquisa divulgada recentemente mostra que jovens evangélicos, freqüentadores assíduos dos cultos, estão fazendo o que todo jovem faz: iniciando sua vida sexual cada vez mais cedo - a despeito do que pregam os pastores.
A pesquisa em questão, publicada na edição de setembro da revista Eclésia, voltada ao público evangélico, foi coordenada pelo pastor batista Jaime Kemp, presidente da Ministério Lar Cristão, uma entidade ligada à igreja batista. O trabalho durou de 1994 a 2000 e envolveu mais de cinco mil jovens de 22 diferentes denominações evangélicas. O resultado: 52% dos entrevistados admitiram iniciação sexual antes da noite de núpcias. Mais: a idade média da primeira relação é de 14 anos entre as meninas e 16 entre os meninos, e 17% das garotas entre 14 e 18 anos estão grávidas ou já são mães.
Em relação ao contexto social em que estão inseridas, essas informações representam apenas um movimento de inércia - afinal, o jovem evangélico apenas está seguindo a maré do comportamento sexual do brasileiro. Dados da Coordenação Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde indicam que a idade média de iniciação sexual no Brasil é de 14,5 para os homens e 15,5 para as mulheres. O Censo 2000, por sua vez, revelou que a faixa etária dos 15 aos 19 anos é a única em que não houve queda na taxa de fecundidade, pelo contrário: de 1980 a 2000, subiu de 8 para 9,1 o número de filhos por grupo de cem adolescentes. Um quarto dos partos realizados pelo SUS em 2001 diz respeito a gestantes nessa faixa etária.
"Não conheço os detalhes desse estudo. Às vezes, as pesquisas pegam pessoas aleatoriamente e generalizam os resultados, não mostrando a realidade", defende o pastor Sérgio Dusilek, executivo da Junta da Mocidade da Convenção Batista Brasileira (Jumoc). "Mas acho que há um número significativo de jovens que têm relação sexual cedo, sim", pondera.
Madalena Ramos, professora do Departamento de Psicologia da PUC-SP, observa que essa tendência de antecipação da experiência sexual é fruto do incentivo cultural à sexualidade. Hoje, na nossa sociedade, transar se tornou quase um ponto de honra. "O contato entre homem e mulher são mais prematuros, na danceteria, no baile. Há também uma estimulação na TV, que mostra que o bom é transar, e dentro do próprio grupo - os meninos vivem falando disso."
A psicóloga acrescenta a estes fatores a incongruência entre o momento físico do jovem e a postura das igrejas. "Proíbe-se a relação num momento de superexcitação. Na adolescência se tem a maior quantidade de hormônios que estimulam isso. É um contra-senso proibir a sexualidade de um corpo que está despertando."
Fernando Altmeyer, professor de Teologia da PUC-SP, ressalta que convicções religiosas não estão conseguindo segurar a garotada primeiro porque sempre houve uma dicotomia entre o falado e o praticado, depois porque o discurso de sexualidade institucional está obsoleto. "As igrejas têm muita dificuldade em falar disso. Elas ainda não engoliram Freud, não compreenderam as noções básicas da sexualidade, a pulsão, a libido, os complexos", aponta. "Como o jovem está vivendo uma pulsão sexual, deveriam ajudá-lo a amar o seu corpo, não dizer a ele que isso é pecado", critica.
Para o teólogo, a censura das instituições religiosas faz com que o jovem se afaste e trilhe uma estrada nem sempre fácil. "Questões de ordem prática, como a camisinha, são proibidas ´ex officio´ pelas igrejas. As pessoas acabam optando por um caminho de iniciação sexual próprio, de forma autônoma, e às vezes acabam sofrendo. Não é porque o jovem está sem a Igreja que está feliz", considera.
A solução, segundo ele, seria voltar-se justamente para Jesus - estar bem consigo, inclusive com o próprio corpo. "Ele era um cara inteiro, feliz psicologica e sexualmente, não tinha traumas nem complexos. Se nós, no mundo cristão, vivêssemos a sexualidade de Jesus, teríamos contato com a mulher sem pornografia e com as crianças sem pedofilia."
Vale ressaltar que a liberdade com que o tema é tratado no Brasil não se verifica em outros países. Segundo o Atlas Penguin do Comportamento Sexual Humano (2000), coordenado pelo Royal College of Physicians da Inglaterra, os brasileiros e brasileiras são os campeões mundiais do sexo: transam mais vezes, por mais tempo, com mais parceiros(as) e são mais tolerantes com a infidelidade. Já na Ásia, apenas uma em cada dez mulheres solteiras perde a virgindade antes dos 20 anos.
Os Estados Unidos, por sua vez, vão na contramão da liberação sexual verificada em outras épocas, e apresentam hoje um número maior de adolescentes virgens nas escolas de segundo grau do que há dez anos. É o puritanismo em alta, que deu origem a um movimento de manutenção da virgindade até o altar, intitulado True Love Waits (O Verdadeiro Amor Espera). O movimento surgiu em 1993 em Nashville, Tenessee, e quem adere a ele assina, como um ritual de confirmação do seu voto, um cartão de compromisso com a abstinência.
Não demorou muito e a versão brasileira da campanha (Quem Ama Espera - QAE) surgiu, tanto lá como cá na igreja batista. É o movimento que Dusilek ajuda a coordenar. Criada aqui em 1994, a campanha hoje atinge outras denominações evangélicas, e se caracteriza por ciclos de palestras, "cultos-desafio" e encontros semanais com pastores e até psicólogos.
"Fazemos uma espécie de dinâmica de grupo para os jovens se posicionarem em relação à família brasileira", explica Dusilek. "Discutimos até quem é o responsável por Elias Maluco, que tipo de família os traficantes têm. Provavelmente, não houve um ninho familiar para eles serem criados."
Mais pela expectativa de um momento mágico do que por questões religiosas e sociais, a modelo Taquira Berlesi Mendes, de 19 anos, decidiu ir contra o fluxo. Ela foi uma das seis garotas que ficaram 24 horas por dia acorrentadas ao modelo Bruno, durante seis dias, no reality show Acorrentados, quadro do programa Caldeirão do Huck (Globo), e disse em rede nacional que pretende esperar até a noite de núpcias.
"Tomara que eu consiga chegar até lá virgem", brinca. "Acho uma coisa legal. Uma das magias do casamento é descobrir tudo juntos." A modelo, que é católica, tem um relacionamento de três anos. Ela diz que o namorado "sofre", mas a apoia e a respeita. "Se rolar agora, ele nem vai querer casar comigo", acredita.
Já para Andreia Nautick, colega de Taquira na empreitada de Luciano Huck, a coisa não é bem assim. Ela que, apesar do segundo lugar (perdeu para a modelo Lídia, apelidada de Floquinho), protagonizou com Bruno as cenas mais sensuais do reality show, acredita que, na vida, tudo é válido. "Fui criada com liberdade. Na minha família, não temos tabus", ressalta.
A porto-alegrense de 24 anos argumenta que é importante ter a cabeça aberta. "As pessoas não têm de se apegar a moralismos. Eu me apego às minhas verdades", comenta. E sobre sua colega de profissão? "Acho até bonito manter a virgindade, mas, em pleno século 21, isso é muito raro."
Raro, mas acontece. Assim como Taquira, Igor Pessanha Jardim, decidiu esperar. Ele integra o Quem Ama Espera e acredita que tudo é questão de aprendizagem e amadurecimento. "Não considero isso essencial no relacionamento, mas uma conseqüência", opina ele, que namora há cinco anos e tem casamento marcado para o dia 5 de outubro. "A vontade é natural do ser humano, mas preferimos nos guardar."
Ciente de estar na contramão da liberação sexual, Igor não se deixa constranger. Segundo o carioca de 22 anos, há muitas pessoas que não expõem sua opção de abstinência até o casamento por medo e vergonha. "Eu nunca sofri discriminação por causa disso", garante. "E não me vejo diferente das pessoas por causa da opção que fiz."
E aqui vão as opiniões de algumas religiões sobre esse assunto:
Catolicismo
"O Catecismo da igreja católica afirma que os noivos são convidados a conviver a castidade na continência. Nessa provação eles verão uma descoberta do respeito mútuo, uma aprendizagem da fidelidade e da esperança de se receberem ambos da parte de Deus. Reservarão para o tempo do casamento as manifestações de ternura específicas do amor conjugal. Ajudar-se-ão mutuamente a crescer na castidade."
Humberto Robson de Carvalho, padre da Paróquia S. Francisco Xavier (SP), filósofo, pedagogo e teólogo, educador sexual formado pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana (SBRASH).
Protestantismo
"Nós, protestantes, entendemos que na Bíblia há o melhor para nós. Deus planejou nossa sexualidade, mas também planejou que essa sexualidade deve ser praticada entre esposo e esposa, é para ser exercida dentro do relacionamento conjugal, nem aquém nem além. Cada igreja batista determina qual será a ´disciplina´ da pessoa que cometeu o pecado. Pode ir desde uma conversa até a exclusão da comunidade."
Sérgio Dusilek, executivo da Junta da Mocidade da Convenção Batista Brasileira (Jumoc).
Espiritismo
"Vemos o sexo com a toda a naturalidade. Não temos nenhum tipo de restrição, mas não deixamos de ressaltar a importância da responsabilidade. O sexo é uma lei natural, e há uma liberdade desde que o direito do outro não seja ferido. As regras básicas são o respeito ao próximo, o livre arbítrio e a lei de causa e efeito - não há o efeito sem causa, nem o acaso."
Durval Ciamponi, presidente da Federação Espírita do Estado de São Paulo (Feesp).
Candomblé
"Não temos nada contra o sexo antes do casamento, desde que seja uma expressão de amor e segura - camisinha é importante. O candomblé não procura dar ordens aos seus adeptos. Cada um deve saber a sua hora, claro que de forma orientada e procurando se preservar."
Marco Aurélio Rocha, babalorixá, de São Paulo.
Islamismo
"Nossa orientação é igual à do cristianismo: não se pode fazer sexo antes do casamento. Os cristãos, porém, não a seguem. Na religião muçulmana, a fornicação é um dos pecados mortais. O Islã é a favor da família e da harmonia, e um jovem que obtém o prazer de uma mulher não vai querer assumi-la, gerando um desequilíbrio na sociedade. Segundo o Alcorão Sagrado, quem cometer esse pecado deve levar cem chibatadas. Mas a lei aqui não é aplicada, pois a legislação do País não se baseia nas leis islâmicas do Alcorão Sagrado."
Abdul Nasser, presidente da Liga da Juventude Islâmica do Brasil (LJIB)
Judaísmo
"O judaísmo considera o amor em todas as suas manifestações. Em termos ideais, o ato sexual - que é não somente físico, mas também uma declaração de amor e um pacto de compromisso -, é santificado através do casamento, que confere responsabilidade e um caráter permanente ao amor. Mas isso não significa que sexo antes do casamento seja inválido. Eu diria que sexo no casamento é o ideal; sexo antes do casamento entre duas pessoas maduras que se amem de verdade não pode ser condenado."
Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita
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